“É uma noite fria no quarto do menino de cabelos negros, como o obscuro céu que assopra um vento gélido pela janela aberta ao lado da cama do garoto. Com os olhos fechados, Alex, viajava acordado no seu próprio mundo de brincadeiras e alegrias, porém, uma sucessão de barulhos de coisas caindo no chão fez com que a criança se levantasse bruscamente com o susto que levara. Com as mãos tremulas, Alex recostou-se ao batente da porta entre aberta, logo, seguindo o rastro de sangue que levava à sala do pequeno apartamento... “
Na mesma intensidade do susto do menino, Alex, que agora tem aparência de homem,porém, ainda sustenta a enigmática cor do céu em seus cabelos , levanta assustado e ofegante do sonho que acabara de ter. Sonho que, na verdade, é uma dolorida memória de sua infância. Percebeu, então, o tremor que a lembrança causou em seu corpo e sentiu uma imensa vontade beber alguma bebida forte e quente. Ao tentar levantar-se sentiu o peso de um corpo feminino sobre suas costas, era sua esposa. Indiferente, Alex continuou o que planejara , indo até a sala e servindo-se da primeira bebida alcoólica que avistara e, com um só gole, sentiu o líquido descer e a sensação de queimação traz um pequeno sorriso em seu rosto bem desenhado, logo, o movimento se repetiu uma, duas, três, quatro vezes. Porém, o momento de alegria passou no segundo em que ouviu a voz esganiçada da mulher que dividia a cama, vinha ela a toda fúria reprovando o marido por beber tanto. As paredes viram o momento que o copo foi jogado intencionalmente contra a mulher e, também, uma garotinha, de cabelos negros como os de Alex, via a cena da porta entre aberta de seu quarto e, sem saber, estava assistindo uma réplica do sonho do pai.