28 de outubro de 2009

Um depoimento com gosto de gelo


Percebi algum dia desses a enorme diferença que é estar em um colégio particular forte e estudar na rede pública de ensino.  Sei que todos que estão lendo essas linhas irão pensar: É óbvio que há diferença, será que ela não lê jornal não?! Sim, caro leitor, eu tenho plena consciência das estatísticas sobre a qualidade de ensino nas instituições educacionais não pagas do país e sei que estas estão em decadência. Porém o meu pensamento não estava voltado para a consequência  e nem a causa do péssimo estado dos colégios estaduais e municipais. Tentei olhar a partir do ponto de vista dos professores da minha escola.
Apesar de ser uma escola noturna, o meu colégio é muito bem organizado e bem constituído de professores. Quando, sutilmente, perguntei para cada professor em qual faculdade estes se formaram, descobri que todos, repito TODOS, fizeram graduação em instituições públicas. Há um professor de biologia que possui três faculdades, por exemplo. Biologia, Farmácia e Medicina. Espero que todos se demorem na última carreira, mesmo sabendo que esta ele fez em uma universidade particular tentem parar um momento para refletir. Medicina é difícil para entrar e mais ainda para sair. Depois dessa pequena análise me deparei com alguns dilemas, como por exemplo: Se a minha escola tem professores de alto nível, por que ainda é considerada de baixa qualidade? Nesse momento é que pude comparar a atuação dos professores do meu colégio com os do curso Bahiense. No decorrer do ano, tive que me adequar à essa ‘vida dupla’ de vestibulanda e aluna do terceiro ano do ensino médio e pude ter o privilégio de ter as mesmas matérias nos dois locais de ensino. Foram essas aulas que me permitiram fazer uma comparação à qualidade das aulas. Automaticamente percebi que o tempo de aula faz a aula ficar arrastada e perdurar muitas semanas, enquanto no Bahiense o mesmo conteúdo é visto menos da metade do tempo. Há também a vontade na convidativa dos alunos do meu colégio. O leitor que acha que os aprendizes a vagabundos do CBL são barulhentos, irritantes e  insuportáveis, não aguentaria um dia sequer em meu colégio, pois a maior parte dos alunos de lá nem sequer dão o devido respeito aos professores. Já tive o desprazer de presenciar diversas discussões vergonhosas entre aluno e professor. Muitos deles só estão lá para poder ter um diploma no final do ano.
Contudo, a principal característica que percebi em minha análise amadora é a diferença no olhar dos professores. No Bahiense, todos os professores possuem o mesmo calor nos olhos, excetuando-se alguns, claro. Não sei se o leitor já se permitiu divagar sobre esse calor à que me refiro, se não o fez, faça. E para mim esse calor é como fogo ardente que deveria ser guardado como patrimônio da humanidade. É o calor da felicidade em seu trabalho, de estar fazendo o que gosta de verdade e de sentir que aquele lugar na frente de muitos alunos, pertence a si. Sinto em dizer que não vejo frequentemente esse olhar em minha escola, excetuando-se alguns, claro. Acho que posso contar as vezes. O olhar frio dos professores me suga as energias. Por favor, leitor, não confunda o olhar que descrevo como  o olhar de frieza. Deixo registrado aqui que todos meus professores agem de maneira educadíssima com os alunos. Pensem em toda discrição que fiz ao relatar o calor dos olhos dos professores do Bahiense e olhem o outro lado da medalha e verão que o amor a educação deixou a alma dos meus professores.
É realmente muito triste, mas ‘bobeira é não escrever a realidade’.

P.S: Texto feito para ser colocado em um projeto que estou realizando, logo terá de ter esclarecimentos:
CBL: É a turma de segundo grau do pré vestibular que faço. As turmas são juntas.

Bahiense é nome o curso pré vestibular.

24 de outubro de 2009

Idealizações

Sempre tive uma certa curiosidade em saber o que as pessoas pensam de mim. Pode parecer meio estranho, mas fico meditando se o modo que as pessoas me veem tem alguma coisa a ver com o que acho de mim mesma. Obviamente sei que a minha própria opinião é a que mais importa, porém fico pensando se consigo transparecer pelo menos um pouco do que sou e do que posso ser. Tenho certo medo de idealizações infundadas, tanto dos outros para mim e vice versa.

Uma situação que pode exemplificar o que estou dizendo é a paixão. Por exemplo: Por que hoje em dia a maioria dos relacionamentos dura pouco tempo? Há muitos fatores que podem explicar essa pergunta, entretanto, pretendo demonstrar aqui apenas o ponto que quero chegar, okay?
Em minha opinião, o curto período que os namoros estão durando é o tempo certo que os defeitos do outro quebram a idealização da paixão.

Para mim, a explicação da paixão ser tão avassaladora é porque você ainda está vivendo com alguém que você imaginou. Você está lidando com a sua versão sobre o outro. Não me leve a mal, caro leitor. Não acho que a idealização da paixão seja ruim, pois sem ela nunca nos permitiríamos embarcar em qualquer relacionamento. Contudo, só os relacionamentos que sobrevivem à paixão é que poderão perdurar. O que o leitor acha?

É bom se apaixonar, aliás, é maravilhoso se apaixonar. Todavia, quando a idealização (paixão) leva ao conhecido amor platônico, pode acarretar em sofrimentos. Falo disso com a certeza de quem já teve mais amores platônicos do que reais. Pesquisando sobre o assunto descobri que o conceito de ‘amor platônico’ é bastante vasto, mas uma das explicações que pude contemplar resume tudo o que quero passar ao meu querido leitor:
[...]

A expressão ganhou nova acepção com a publicação da obra de Sir William Davenant, "Platonic Lovers" ("Amantes platônicos" - 1636), onde o poeta inglês baseia-se na concepção de amor contida no Simpósio de Platão, do amor como sendo a raiz de todas as virtudes e da verdade.


O amor platônico passou a ser entendido como um amor à distância, que não se aproxima, não toca, não envolve. Reveste-se de fantasias e de idealização. O objeto do amor é o ser perfeito, detentor de todas as boas qualidades e sem máculas. Parece que o amor platônico distancia-se da realidade e, como foge do real, mistura-se com o mundo do sonho e da fantasia. 

Concordo plenamente com o argumento e ainda quero acrescentar que o amor platônico não tem idade pra acontecer. Ocorre mais frequentemente durante a adolescência, porém imagino que adultos que não se vêem mais satisfeitos com o relacionamento também estão mais propícios as paixões idealizadoras. Acho que esses são os que mais sofrem com as consequencias desse estado quase dominador, uma vez que muitos já possuem uma bagagem de vida e na mesma medida, acham que já não tem mais o direito de se apaixonar como os adolescentes.

O que estou defendendo não é a opressão das paixões ( até que porque eu iria me contradizer ), mas sim, a paixão avassaladora com um requinte de coerência. Temos que respeitar o espaço do idealizado e sempre tentar nos lembrar que o ser perfeito não existe nestes caminhos humanos e imperfeitos.

18 de outubro de 2009

Registrando a ansiedade

Hoje percebi que o dia está chegando. O dia em que posso ficar muito feliz ou muito triste. Quero registrar aqui a minha ansiedade neste dia.

Pode acontecer o tudo. Pode acontecer o nada. Porém, quero enfrentar este dia com garra. Não quero me arrepender do que podia ou não ter feito. Quero saber que passei desta etapa em minha vida com coragem e não lembrar deste dia como um fracasso por falta de força de vontade.

Não sei o que pensar, nem como devo agir. Só tenho especulações insanas. Tenho, também, que estar sempre ciente de que posso vencer ou fracassar. Tenho que olhar para a porcentagem meio a meio de cada uma das possibilidades.

A ansiedade faz borboletas em minha barriga e estou feliz por poder estar lutando.

Obrigada quem estiver lendo e tentando decifrar o que escrevo aqui. O meu único objetivo é tentar universalizar o que sinto para que você, que está abdicando do seu tempo para ler o que escrevo aqui, olhar a minha vida através dos seus olhos e não dos meus. Quero que entendam que não procuro escrever tudo nos mínimos detalhes propositalmente, pois o que mais importa na minha escrita é passar o que sinto e não o que vejo, uma vez que reconheço que os nossos sentidos são falhos. Falho é, também, a minha opinião. Não quero passar onde meus pés passam e, sim, o que os seus pés sentem.

Por favor, tentem compreender o que escrevo com o coração aberto. Não fiquem espantados ou temerosos com as contradições que coloco neste espaço, pois as minhas contradições são as contradições humanas e universais.

Obrigada para os que se dispuseram a ler o que proponho.

12 de outubro de 2009

Estátuas Humanas

Para mim, palavras que não provem dos nossos sentimentos são insignificates palavras ao vento.

Argumentos não colocados sob a autoridade da autocrítica pecam pela falta de imparcialidade.

Frases prontas podem ser comparadas à mentiras quando não andam no mesmo passo do verdadeiro sentimento.

Enquanto escrevo sinto a dor das palavras que não vieram do coração. Sinto a dor das palavras que foram proferidas para ironizar. Sinto a dor das minhas palavras que são inaudíveis para a pessoa mais importante da minha vida. Sinto a dor por estar no meio dessa loucura de contradições.

Pensamentos engessados geram frases engessadas e atos repetitivos.

Sonho em um dia poder conhecer a compreensão dessas pessoas. Não a compreesão superficial que vemos ao montes, mas sim a compreensão que vem do coração.

Minha alma se despedaça a cada olhar de superioridade.

Em quem devo confiar?

Quais palavras devo dar crédito quando são jogadas ao vento com persuasão?

Ainda não tenho uma estrutura sólida suficiente para suportar isso tudo com calma na voz e nos pensamentos.

Minha consciência se rebela para me escutarem, porém a minha voz morre na escuridão dos corações engessados.

É errado sintir a esperança de pensamentos melhores?

É errado esperar a brisa da verdadeira humildade? Não quero mais encarar a humildade cobrada.

Não vejo em mim as forças necessárias para lutar contra gerações fabricantes de estátuas humanas.

3 de outubro de 2009

Ela voltou e  minha dor de cabeça passou.

Tem coisa melhor?

2 de outubro de 2009

Panthera onca


Barba cerrada e olhos felinos.
Lentidão em seus passos e traços.
Aos olhos universais há a pessoa estranha e com atitudes inesperadas.
Aos meus olhos há o fascínio no inexplorado e a tentativa de desvendar os mistérios.
Vejo em você um rastro de tristeza.
Me surpreendo a cada gesto seu como uma criança que está descobrindo a incrível dimensão do mundo ao seu redor.
Sinto em meu ser a curiosidade de abrir a caixa do impensável em relação a você.

Será que estou no meu estado perfeito?

Não quero me decepcionar com esse novo e interessante quebra cabeças.
Sempre considerei os seres humanos um enigma individual e incompreensível, mas você é a peça mais intrigante que já encontrei.