Percebi algum dia desses a enorme diferença que é estar em um colégio particular forte e estudar na rede pública de ensino. Sei que todos que estão lendo essas linhas irão pensar: É óbvio que há diferença, será que ela não lê jornal não?! Sim, caro leitor, eu tenho plena consciência das estatísticas sobre a qualidade de ensino nas instituições educacionais não pagas do país e sei que estas estão em decadência. Porém o meu pensamento não estava voltado para a consequência e nem a causa do péssimo estado dos colégios estaduais e municipais. Tentei olhar a partir do ponto de vista dos professores da minha escola.
Apesar de ser uma escola noturna, o meu colégio é muito bem organizado e bem constituído de professores. Quando, sutilmente, perguntei para cada professor em qual faculdade estes se formaram, descobri que todos, repito TODOS, fizeram graduação em instituições públicas. Há um professor de biologia que possui três faculdades, por exemplo. Biologia, Farmácia e Medicina. Espero que todos se demorem na última carreira, mesmo sabendo que esta ele fez em uma universidade particular tentem parar um momento para refletir. Medicina é difícil para entrar e mais ainda para sair. Depois dessa pequena análise me deparei com alguns dilemas, como por exemplo: Se a minha escola tem professores de alto nível, por que ainda é considerada de baixa qualidade? Nesse momento é que pude comparar a atuação dos professores do meu colégio com os do curso Bahiense. No decorrer do ano, tive que me adequar à essa ‘vida dupla’ de vestibulanda e aluna do terceiro ano do ensino médio e pude ter o privilégio de ter as mesmas matérias nos dois locais de ensino. Foram essas aulas que me permitiram fazer uma comparação à qualidade das aulas. Automaticamente percebi que o tempo de aula faz a aula ficar arrastada e perdurar muitas semanas, enquanto no Bahiense o mesmo conteúdo é visto menos da metade do tempo. Há também a vontade na convidativa dos alunos do meu colégio. O leitor que acha que os aprendizes a vagabundos do CBL são barulhentos, irritantes e insuportáveis, não aguentaria um dia sequer em meu colégio, pois a maior parte dos alunos de lá nem sequer dão o devido respeito aos professores. Já tive o desprazer de presenciar diversas discussões vergonhosas entre aluno e professor. Muitos deles só estão lá para poder ter um diploma no final do ano.
Contudo, a principal característica que percebi em minha análise amadora é a diferença no olhar dos professores. No Bahiense, todos os professores possuem o mesmo calor nos olhos, excetuando-se alguns, claro. Não sei se o leitor já se permitiu divagar sobre esse calor à que me refiro, se não o fez, faça. E para mim esse calor é como fogo ardente que deveria ser guardado como patrimônio da humanidade. É o calor da felicidade em seu trabalho, de estar fazendo o que gosta de verdade e de sentir que aquele lugar na frente de muitos alunos, pertence a si. Sinto em dizer que não vejo frequentemente esse olhar em minha escola, excetuando-se alguns, claro. Acho que posso contar as vezes. O olhar frio dos professores me suga as energias. Por favor, leitor, não confunda o olhar que descrevo como o olhar de frieza. Deixo registrado aqui que todos meus professores agem de maneira educadíssima com os alunos. Pensem em toda discrição que fiz ao relatar o calor dos olhos dos professores do Bahiense e olhem o outro lado da medalha e verão que o amor a educação deixou a alma dos meus professores.
É realmente muito triste, mas ‘bobeira é não escrever a realidade’.
P.S: Texto feito para ser colocado em um projeto que estou realizando, logo terá de ter esclarecimentos:
CBL: É a turma de segundo grau do pré vestibular que faço. As turmas são juntas.
Bahiense é nome o curso pré vestibular.
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