Duas semanas doente. A primeira: Fisicamente. A segunda: Psicologicamente.
Não sei bem o que eu tinha na primeira semana. Nos primeiros dias vomitei muito e nos resto da semana tive uma grande repulsa por comida. Essa falta de comida me deixou muito fraca, muito mesmo. Eu teria passado bem, claro, se eu não tivesse me culpado por estar faltando o curso. Só naqueles poucos dias que eu faltei, o pensamento de ‘Não passarei’ rondou a minha mente MILHÕES de vezes. Acho que quanto mais eu pensava isso mais me dava náuseas ao ver comida. Afinal, a pior pressão é que você faz em si mesmo.
Na quinta-feira dessa primeira semana eu decidi que já estava bem para ir pro curso. A minha teimosia foi tanta que eu mesma quis me enganar. Eu sabia que não estava bem, sabia que deveria ficar em casa. Mas eu só pensava que estava perdendo muitas matérias e que isso iria me atrasar. Atire a primeira pedra quem nunca enlouqueceu por causa do vestibular! Parece que é a sua vida que está em jogo! Que todos sabem mais que você. Você aponta para si mesmo que você é o pior de todos. A ordem é se matar de estudar.
E eu com essa ‘sabedoria’ toda fui para o curso doente. A boa notícia é que eu, com toda a certeza, paguei por isso. Para você, leitor, ter uma noção, eu cheguei às 7 horas e não levantei para NADA! Eu simplesmente não tinha ânimo para levantar. Eu me sentia fraca. O pior é que eu estava feliz por estar no curso. Estava feliz por estar naquela sala, competindo. Por que parece que vestibular é uma competição sem limites. Mesmo que você não verbalize isso dá para sentir. Enfim, quando foi por volta das 11:30 e a professora começou a explicar eu me senti estranha. Tudo começou a girar. Parecia que eu ia desmaiar ou vomitar ali mesmo. Ao mesmo tempo eu comecei a sentir fortes ondas de calor. Abaixei a cabeça, respirei fundo e tentei me acalmar. Foi quando eu levantei a cabeça que tudo girou de verdade. Eu tinha que sair dali. Eu necessitava sair dali. Nesse momento o John ( o menino que estava sentado ao meu lado) perguntou se eu estava bem. Automaticamente respondi que não. Ele encostou em mim e falou que eu estava gelada. Como se eu estava pegando fogo?! Um garoto chamou a atenção dele e ele virou para olhá-lo e eu, bruscamente, o puxei de volta e disse que precisava sair dali se não eu poderia desmaiar. Ele perguntou se eu queria que ele ajudasse e eu, obviamente, concordei. Pedi, ainda, para que ele me segurasse. Tudo estava girando muito intensamente. Quando eu levantei, percebi que as minhas pernas estavam tremendo e, ao começar a andar, senti a sala se fechando sobre mim. Apressei os meus passos. Parecia que eu estava ficando sufocada. Precisava sair dali o mais rápido possível. A distância da onde eu sento para a porta é de uns dez passos. Mais pareceu que levou horas até eu conseguir atravessar esse caminho. Era angustiante sentir a sala ficar pequena.
Mas finalmente consegui sair. Já comecei a me sentir um pouco melhor nesse momento. Foi uma sensação libertadora. Entretanto eu ainda estava tremendo e com muito calor. Se não fosse trágico eu riria da cara de espanto do John ( ele é tão fofoooooo (L) ). Fui ao banheiro molhar o rosto e pedi ao John me arrumar água e sal (pensei que a minha pressão podia ter baixado ). Ele me convenceu a ir à Clarice (ela trabalha na secretária do curso) que poderia me ajudar. Eu fui e ela me fez comer um misto quente e ai sim eu comecei a melhorar. A gente começou a conversar e eu esqueci um pouco do que aconteceu.
Continua....
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