10 de julho de 2009

"-Você tem medo da loucura?" "-Não. Eu tenho medo da ignorância."

Na minha última consulta com a Márcia, minha psicóloga, refleti várias e várias vezes sobre uma de nossas conversas. Em certo momento em que eu estava falando sobre a minha família, ela me perguntou: "Em muitos momentos que você fala, e repete bastante, parece que você tem medo da loucura. Medo de ficar louca. Você tem medo da loucura?" Esse comentário me surpreendeu bastante. Eu não esperava por isso. Não mesmo. Me permiti alguns momentos para refletir e respondi uma coisa em que eu, até então, nunca tinha parado para pensar e disse: "Não. Eu tenho medo da ignorância. Tenho medo de ser uma pessoa de mente fechada." Acho que em toda a minha vida eu não disse uma verdade tão pura e isso me levou a várias linhas de pensamentos.

Eu sempre gostei de estudar. Sempre. Mas não do estudo em si. Não de ficar sentada lendo alguma coisa ou estar em uma sala de aula escutando algum professor falar e falar. Eu sempre gostei do aprendizado. Descobrir alguma coisa na qual eu nunca ouvira falar. De me surpreender com alguma coisa que, para mim, era inimaginável.

Sempre gostei de ouvir a opinião dos outros sobre tudo. Chega a ser uma curiosidade infantil. Curiosidade que prende totalmente a atenção. Sempre gostei de opinar e debater sobre alguma coisa que eu gostasse. E tenho tentando me doutrinar em aceitar as opiniões divergentes à minha própria. Tenho tentado compreender cada ponto de vista e aceitá-los da melhor forma possível.

Coisas novas me fazem tremer de empolgação. A vontade de gritar é enorme. O mesmo acontece ao conhecer pessoas novas ou entender amigos velhos. Considero cada pessoa um enigma fascinante. Só por ter noção da grandeza do ser humanos. O quão nós somos complexos dentro loucura que é a vida.

O meu divertimento é o saber.

Saber sobre os ideais revolucionários.

Saber sobre a filosofia de cada religião e aprender com todas.

Saber coisas intrigantes das outras culturas.

Saber o que eu sou, o que posso ser, os meus próprios medos e dificuldades.

Saber tudo.

Saber sobre o nada.

Eu tenho medo de me tornar o que se chama 'cabeça dura'. Aquelas pessoas que são irredutíveis em suas opiniões e atos.

Tenho medo de me tornar menor do que posso ser.

Tenho medo de fechar a porta do saber, da aceitação e da compreensão.

3 comentários:

@Mahr_ disse...

Você nunca vai se fechar pro saber. Disso eu tenho certeza!
Inteligentona ;D Eu confio no seu potencial de conseguir o melhor em tudo que desejar.

M., Fabio de Oliveira disse...

De fato, é certo que você não deveria ter metade dos medos que tem... Mas, no fim, medo (não importando do que se trata) é algo que está presente em todos nós, então não deveria ser tanto mistério... Para mim, basta apenas conhecê-lo para que, assim, saibamos lidar com ele. Como a Celle aqui em cima disse, também confio no seu potencial.

GO GO GO. :}

Hudson disse...

Aprender é um exercício, viver é um exercício. E sabe o que chateia? Ver que muitos preferem ficar acomodados. Não querem descobrir seus enigmas, enigma do outro. Mas continueos em nossa loucura: no pensar há sempre um ponta de uma "loucura saudável".